31 de dezembro de 2012

MANGA

te esbagaço todinha

na minha boca

te ensaco em minha polpa

dura

arranco os pelos
e mastigo
até dar suco no caroço

da tua manga
madura

.

                                   

FRUTA DOCE

me devasso em tua boca
doce, madura
tua uva que não passa 

sorvo teu vinho 
tarde noite manhã
faço manha
peço
suga minha polpa
sem nenhuma culpa

é chuva na nossa horta
frutas fartas
que a gente apalpa
e chupa
sem saciar
.





29 de dezembro de 2012

"VICTOR"


Vem, meu Victor
aponta-me com teu mastro 
rijo
o caminho que sigo
por onde me perco te acho
afago e reconheço
meu vício

Vem, Victor meu
virtuoso maestro
me rege com a tua batuta
deixa eu subir no teu palco
me toca um hino
profano 
badalo dentro do sino

Vem, Victor
com tua pedra bruta
e rara
avalanche na minha gruta
que se enche em ti
surta e cura
nessa orgia santa
que a gente sente
sente
muito

intensamente

.


(Isadora Blaze)


"ISADORA"


Iluda-me, Isa
alisa-me

alumbra este lambedor 
de auroras

é a dor, Isa

é a dor que te adora

por ti ela reza
por ti ela é prosa
por ti que és fogosa

fera minha
manhosa

ah, Isa
ah, Isadora!

deixa-me penetrar

sem demora

lambuzar-me
sem culpa
em teu esquizo 
vulto

tua lisa
vulva, Isa

ah... Isa

(chama e brisa
ascendendo a madeira
que chora)


.

(Victor Wood)


28 de dezembro de 2012

FLAUTA


volúpia rouca


da ponta ao talo


teu falo me conta


estrelas no céu 


da boca

.



                                                                                       
  




Terceira Guerra a Dois


Uma bomba nuclear
em nós...

uma paz
uma paz sem pudor

um pudor de dar de beber
ao diabo

um diabo a incandescer 
vulva 
e falo



(essa nossa Jihad

que arde
que urge

que arde
que urge

que arde...)


.

NÓ CEGO

dedos línguas bocas
nucas seios ouvidos
pernas braços umbigos


ele e ela, ela e ele
fundidos, enlaçados
se provam e se sabem
chegam aonde o nó aperta
chave de coxas 
com cadeado

é dentro, bem fundo
que unos se cabem

entregues
sem mundo

.



27 de dezembro de 2012

AMAZONA

cavalgue
sem rédeas
neste sátiro

e corra o risco
trágico
de ter a alma
escaneada

a cada 
gozada
.




GOSTO


vontade expressa
essa
que ave
move leva chove

e chave

fecha-nos
num abraço
lasso

RomA



cada verso
vindo devagar
chegaremos aonde
temos que estar

a dois
passos

sem preliminares
nossas bocas não irão a roma
nem a outros lugares








                                               

GLOSA


Nessa reza sem terço
a língua é o berço 

do mote

a glosa por dentro
lirisma
da boca pra fora

ela prosa
da alma pra dentro
ela abisma

do corpo pra fora

é que goza

.

(WD & LS)

24 de dezembro de 2012

MOTE

A gente glosa
se o livro não tem brochura

aceito o original
se vier com capa dura

bebo teu verso vinho
com minha branca prosa

de tanta tinta

a gente brinca

de pintar tanto

a gente glosa
a gente glosa
a gente glosa


.

(LS & WD)